domingo, 5 de agosto de 2012

Dica para um findi feliz "in love"

Minhas tardes com Margueritte é um daqueles filmes que a gente tem vontade de levar para casa debaixo do braço e assistir com a família, num fim de tarde ensolarado. A história é pequena, simples, mas de uma grandeza encantadora. Conta a história de amizade entre Germain – encarnado por um Gérard Depardieu bem rechonchudo -, um pequeno agricultor e feirante desajeitado que um dia conhece, num banco de praça, a doce Margueritte.
Mas a afinidade entre as duas figuras, tão díspares tanto no tamanho, quanto no trato, não vai além da tranquilidade em dar comida, juntos, aos 18 pombos onde se encontram todas as tardes. Ela é um poço de delicadeza e tem sempre à mão um livro como companheiro. Desajeitado e rude, volta e meia ele aparece munido de seu enorme sanduíche e nutre aversão a papel. Livros, sobretudo.
Num desses encontros, ela lê para o novo amigo uma passagem do clássico da literatura existencialista, A peste, de Albert Camus e, impressionado com a descrição da invasão dos ratos à cidade, Germain acaba quebrando o gelo com relação às palavras, nascendo dali uma grande amizade. Mesmo que ele viva às turras com o dicionário. “As palavras que conheço não existem aqui e as que existem, eu não concordo”, revolta-se.
Sem grandes pretensões e de uma sinceridade rara nos filmes de hoje em dia, Minhas tardes com Margueritte, constrói um delicado ensaio sobre a amizade entre estranhos. Entre as pessoas mais improváveis. “Nas histórias de amor não há sempre a frase “eu te amo”, mas posso dizer que nós nos amamos”, confessa o personagem de Depardieu, nos instantes finais da fita.

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