segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Umbus e siriguelas




Hoje por motivos que desconheço, resolvi andar na rua, pegar ônibus, sentir meus cabelos ao vento e a minha nuca suar rios neste calor escaldante de verão. E pude ver poesia, a mágica dinâmica que move o mundo.... Como as folhas dançando em redemoinhos, o cheiro tão particular dos perfumes alheios, o senhorzinho que raspou a barba pela metade e a senhorinha que tem bigodes pois já não tem mais quem lhe desperte a vaidade. A gordura que escorre do cachorro-quente da esquina, a seriguela disputando com o umbu 
quem exala mais, a moeda caindo no chão, o sapato gasto, a atendente mal humorada, o sorriso do engraxate, o cão brincando sozinho, o sotaque nordestino do porteiro, a chave que não entra na porta, o barulho das crianças, o meu peito bater, a alegria invadir e a gratidão de poder enxergar isso tudo de uma forma tão preciosa, não por ser simplesmente uma rotina e sim por ser VIDA, vida de carne e osso.


segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Fizeram a gente acreditar que amor mesmo, amor pra valer, só acontece uma vez, geralmente antes dos 30 anos. Não nos contaram que amor não é acionado nem chega com hora marcada.

Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade. Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta: a gente cresce através da gente mesmo. Se estivermos em boa companhia, é só mais agradável.

Fizeram a gente acreditar numa fórmula chamada "dois em um", duas pessoas pensando igual, agindo igual, que isso era que funcionava. Não nos contaram que isso tem nome: anulação. Que só sendo indivíduos com personalidade própria é que poderemos ter uma relação saudável.

Fizeram a gente acreditar que casamento é obrigatório e que desejos fora de hora devem ser reprimidos.

Fizeram a gente acreditar que os bonitos e magros são mais amados, que os que transam pouco são caretas, que os que transam muito não são confiáveis, e que sempre haverá um chinelo velho para um pé torto. Só não disseram que existe muito mais cabeça torta do que pé torto.

Fizeram a gente acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma para todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade. Não nos contaram que estas fórmulas dão errado, frustram as pessoas, são alienantes, e que podemos tentar outras alternativas. Ah, nem contaram que ninguém vai contar. Cada um vai ter que descobrir sozinho. E aí, quando você estiver muito apaixonado por você mesmo, vai poder ser muito feliz se apaixonar por alguém.

Minha prainha no findi